
Comer chocolate na Páscoa parece irresistível, não é? Essa percepção não é só pela grande oferta do período, mas parece ser uma experiência diferente comer um ovo durante o feriado. Os nutricionistas garantem: o sabor do doce é realmente diferente no período, mesmo que os ingredientes sejam exatamente os mesmos.
Segundo um artigo dos nutricionistas australianos Margaret Murray e Andrew Costanzo publicado no The Conversation, há uma espécie de “espírito de Páscoa” que altera a percepção sobre o sabor do chocolate, com influencias que vão do formato do ovo de Páscoa até o contexto do produto em si, apontam os pesquisadores da área de alimentação sensorial.
Formato de ovo de Páscoa gera expectativa
“A textura e o cheiro nos tornam mais propensos a diferenciar o chocolate de Páscoa do chocolate comum. Um estudo de 2017 revelou que os consumidores esperam que o chocolate redondo seja mais cremoso do que o chocolate angular. Portanto, mesmo antes de botar o chocolate na boca, já estamos tendo uma sensação diferente com aquele alimento”, escrevem os pesquisadores.
O chocolate em ovo, ao ser colocado na boca, ocupa área maior que um tablete, liberando compostos aromáticos com mais intensidade e criando impressão de sabor mais rico.
Além disso, ovos e figuras ocas exigem mais tempo de mastigação, fazendo com que permaneçam mais tempo na boca. Esse contato prolongado aumenta a percepção de sabores e aromas. A experiência se intensifica mesmo sem mudanças reais na fórmula do chocolate.
Prazer em todos os sentidos
É a máxima de “comer com os olhos”. Na realidade, o prazer de se alimentar envolve todos os sentidos, desde o tato (com a cremosidade) à audição (da adição de crocantes, por exemplo). A forma como o chocolate interage com os sentidos influencia diretamente a experiência e a vontade de comer.
Além disso, o chocolate opera no cérebro e na memória durante o período de Páscoa. Lembranças afetivas de caçadas aos ovos, por exemplo, aumentam a sensação de prazer ao comer o doce, mas também há um impacto diretamente no cérebro ao provar o doce.
O cacau puro é um estimulante da produção neurotransmissores do bem-estar, portanto ele pode mudar a química do cérebro por um curto período, segundo o neurocientista Alan Martins, consultor do aplicativo WeFit.
“A feniletilamina da composição do cacau atua para a liberação de dopamina, serotonina, endorfina e outros neuroquímicos no organismo. Essa liberação provoca o estado de euforia, bom humor e prazer para quem consome. Por isso, há quem ache que o chocolate leva ao vício em relação à sua ingestão, o que não é verídico”, explica ele.
A sensação de prazer, porém, deve caminhar ao lado do autocontrole para evitar que a Páscoa se torne também um período de compulsão alimentar e sensação de culpa. “O chocolate não é um vilão, mas é preciso observar se há padrões e gatilhos negativos que nos levam a descontar na comida e evitar este comportamento agressivo”, diz ele.
Escolher um bom chocolate é chave
Além do autocontrole na hora de comer, é preciso saber escolher bem o chocolate para fazer uma escolha mais saudável. Produtos muito baratos costumam ter excesso de gordura e de ar adicionado, o que compromete o sabor.
Para a nutricionista Patricia Barboni, de São Paulo, o consumidor deve ficar atento para escolher um produto que agrade na boca e seja também bom para a saúde. “É comum encontrarmos o cacau listado por último na lista de ingredientes. Isso é um indicativo claro de que o que temos ali é um amontoado de açúcares, gorduras ruins e aditivos químicos com baixa qualidade”, afirma.
A gordura hidrogenada é comum em versões industrializadas por dar textura cremosa e prolongar a validade. “Ela está diretamente ligada ao aumento do colesterol ruim, doenças cardiovasculares e inflamações crônicas. É algo que deve ser evitado ao máximo”, ressalta a especialista. Em excesso, ela também compromete o sabor, dando um gosto rançoso à sobremesa.
Para consumir chocolate com equilíbrio e prazer, Patricia recomenda dar preferência a produtos caseiros e com ingredientes naturais, como trufas e sobremesas complementadas com frutas e castanhas. Afinal, a diferença entre o chocolate comum e o de Páscoa pode estar menos no produto e mais em como ele é vivenciado.
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